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"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A ESPERANÇA DO ADVENTO

Um homem perdeu a sua casa num deslizamento de terra. Os bombeiros trabalharam o dia todo à procura de uma criança que fora soterrada com a casa, e nada de encontrá-la. Quando os bombeiros estavam para paralisar o serviço de busca, já tarde da noite, ouviu-se um gemido no meio dos entulhos. Cavaram um pouco e conseguiram tirar a criança com vida. E o pai, com a criança nos braços, exclamou cheio de alegria: “Eu sabia que o meu filho estava vivo, nunca perdi a esperança de encontrá-lo vivo!”.
Diz um ditado popular: “A esperança é a última que morre”. Parece que todos estão sempre esperando alguma coisa. O pobre espera ficar rico. O doente espera curar-se. O estudante espera passar de ano. O sem-terra espera uma colocação. O político espera ganhar a eleição. O desportista espera que o seu time seja campeão. E o brasileiro, em geral, está esperando que a situação do país melhore, e que haja mais emprego e menos recessão.
Também o filho de Deus espera. Além de esperar pelas coisas materiais, o cristão espera pelas coisas espirituais. Especialmente na época de Advento o cristão se prepara e espera pelo retorno do Salvador Jesus.
No Antigo Testamento se esperava pelo seu nascimento. Deus havia prometido e o povo aguardava com ansiedade a vinda do Messias. Passaram-se gerações e mais gerações. Porém, quando chegou o tempo certo, Deus cumpriu a sua promessa e enviou o Salvador. O apóstolo Paulo, escrevendo aos gálatas, diz: “Vindo a plenitude dos tempos Deus enviou o seu Filho ao mundo, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam debaixo da lei” (Gálatas 4.4).
Ele nasceu pobre numa estrebaria de Belém, viveu como outra pessoa qualquer, sofreu e morreu. Depois subiu ao céu.
Hoje esperamos a sua segunda vinda, o seu retorno. Não mais para sofrer e morrer, mas para reinar sobre a terra, dando início a um novo mundo. Esperamos, portanto, pelo reino da glória.
O povo de Israel, com o passar do tempo, devido às dificuldades, perdeu o sentido da espera. Por fim já não mais esperavam o Messias Salvador, mas um messias libertador, alguém que os viesse libertar do império romano. Por isso, quando Jesus nasceu, não havia lugar para ele. Por isso o mataram.
Devemos nos cuidar para não perdermos também o sentido da nossa esperança, de não perdermos a visão do reino da glória. O mundo, com as suas preocupações, pode absorver todo o nosso tempo a ponto de nos fazer esquecer do reino que há de vir.
E a própria Bíblia nos cita exemplos de pessoas que deixaram se envolverem de tal modo pelo mundo que não mais desejavam uma outra vida.
Aquele jovem rico que procurou a Jesus, querendo saber como podia herdar o reino do céu, não seguiu a Cristo por causa da sua riqueza. A riqueza, que devia ser uma grande bênção, para muitos é a perdição, pois os impedem de seguir a Deus.
Também o mundo com os seus prazeres podem tirar a nossa visão e ofuscar a nossa esperança. Paulo tinha um membro, amigo e companheiro, cujo nome era Demas. No começo ele foi uma pessoa muito fiel e temente a Deus. Mas Demas foi se envolvendo com as coisas do mundo, satisfazendo a sua carne, até que abandonou a sua fé.
O mundo é um perigo para a nossa fé. Por isso o apóstolo João diz: “Não ameis o mundo e nem as coisas que há no mundo. Pois não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.
O mundanismo está tomando conta das pessoas hoje de tal maneira que as está tornando materialistas e indiferentes para com as coisas de Deus. Elas são capazes de usar as coisas sagradas, como as festas da igreja, para satisfazer os seus apetites carnais. O que, por exemplo, é Natal para muita gente? O que esperam neste dia?
Para muitos o Natal é uma oportunidade de se vender muito, obter grandes lucros e aumentar o seu saldo bancário. Esperam, portanto, nesse dia muito dinheiro. Não é isso que se observa nas propagandas natalinas?
Para outros o Natal é um dia de presentes e de balas. Esperam o Papai Noel, a alegria da criançada.
Outros ainda esperam reencontrar os seus amigos, fazer uma grande festa em que não pode faltar peru assado e muito vinho.
Para estas pessoas o Natal é uma festa puramente mundana, em que esperam apenas encher a barriga, o seu bolso ou a sua cara.
Por ocasião do primeiro Natal Deus enviou um mensageiro, chamado João Batista. Este devia preparar o caminho para Jesus. E o que ele pregava? Como ele preparava o povo para receber a Jesus? Ele chamava o povo ao arrependimento, dizendo: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”.
A sua pregação era tão vigorosa que o profeta Isaías o compara com um trator fazendo estradas, aterrando vales, nivelando os montes e tirando as curvas. Diz ele: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será aterrado e nivelado todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados e os escabrosos aplanados”.
Na sua pregação João Batista chamou os judeus de cobras venenosas, os fariseus de hipócritas, o rei Herodes de adúltero e os publicanos de ladrões.
E a sua mensagem surtiu efeito. Multidões vinham a ele, perguntando: “Que havemos de fazer?” E João os mandava abandonar o pecado. Aos ricos ele mandou distribuir comida aos pobres, aos publicanos ele mandou não roubar mais e aos soldados pediu que não usassem de violência.
Será que não é isso que o povo está precisando: de uma chacoalhada bem forte? De alguém que lhes mostre o pecado, que lhes aponta o inferno, a fim de que clamem cheios de terror: “O que havemos de fazer?”.
Antes de receber o conforto do evangelho, muitos precisam sentir primeiro o trator da lei de Deus para levá-los ao arrependimento dos seus pecados. Só os que estão de fato arrependidos dos seus pecados e reconhecem o seu estado pecador é que precisam e devem receber o conforto do perdão. Diz o Dr. Walter, um dos fundadores da nossa igreja nos Estados Unidos: “Enquanto uma pessoa vive no pecado, deve-se-lhe pregar somente a lei, que o amaldiçoa e condena. Pregar o evangelho àquele que nada teme em relação aos seus pecados implica em aplicá-lo de modo incorreto. De acordo com a Palavra de Deus, nem um pingo de consolo dever ser dado àquele que vive no pecado. Ele precisa ver o inferno primeiro antes de ir para os céus”.
A nossa igreja deve continuar pregando o evangelho, anunciar o consolo do perdão de Cristo. Mas ela não pode se esquecer de pregar também a lei, a fim de chamar os homens ao arrependimento. As duas coisas devem de andar juntas.
O nosso povo precisa ser acordado do sono do pecado, precisa aprender a odiar o pecado e a temer mais a Deus. Senão ninguém vai fazer diferença entre uma pessoa da igreja de uma pessoa do mundo, pois ambas praticam a mesma coisa: cometendo adultério, ingerindo drogas, freqüentando lugares indecentes e usando de desonestidade para subir na vida.
O cristão é alguém que espera a vinda do Rei da glória e caminha para a eternidade. A sua vida deve refletir isso. No manual de instrução Crescendo em Cristo, da Editora Concórdia, há uma pergunta, que diz: “De que maneira provamos que queremos ir para o céu?” E logo em seguida ele responde: “Prendendo o nosso coração às coisas do céu e não às coisas deste mundo”.
O apóstolo Pedro, falando da proximidade da vinda de Cristo, pergunta: “Sabendo que tudo isso vai ser destruído assim, então que tipo de gente vocês precisam ser?” E ele mesmo responde, dizendo: “As suas vidas devem ser santas e dedicadas a Deus”.
É isto que Deus espera de nós, que aguardamos a volta de Cristo: que creiamos em Jesus de todo o coração e que vivamos de acordo com a nossa fé.
Que Deus nos dê corações sinceros a fim de que aguardemos com fé e esperança a vinda de Cristo em glória. Amém.

Pastor Lindolfo Pieper 

Jaru, RO – Brasil


Igreja Evangélica Luterana do Brasil      

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